Sem dúvida, a
indústria cosmética é a que nos obriga a descartar embalagens de plástico com
mais frequência. São cremes e mais cremes, para o corpo, rosto, olhos, desodorantes, gel de duche, óleos corporais,
águas miscelares, pasta de dentes, maquilhagem, pensos íntimos, etc. A lista é
quase infinita se formos parar para
pensar em cada produto individualmente. E por isso mesmo, sabendo que muito do
que tentamos reciclar, na maior parte das vezes, vai parar ao aterro, devemos
procurar fazer pequenas mudanças nos nossos hábitos.
Todas as
escolhas que fazemos diariamente como consumidores, são feitas de forma
automática. No fundo, não fazemos escolha alguma. Julgamos que isso sequer seja
possível. Precisamos de produtos de higiene, vamos ao supermercado e a nossa
escolha se prende apenas à marca X ou à marca Y. Todas as embalagens são de
plástico e achamos que não podemos fazer nada quanto a isso. Em alguns momentos
pensamos que a indústria tem de encontrar soluções sustentáveis, raramente
pensamos que devemos procurar nós essas soluções. E assim andamos nós, há tantos
anos.
De facto continuar a procurar pelos produtos nos mesmos sítios não nos vai possibilitar grandes escolhas. Mas em plena era digital, em que efetuar compras online é cada vez mais simples e rápido, já não há desculpas para não encontrarmos soluções viáveis.
Atualmente, cada vez existem mais lojas online e marcas portuguesas a apostar em produtos sustentáveis e principalmente sem químicos. E devemos apostar nestas pequenas marcas que tanto se empenham neste nicho de mercado, uma vez que as grandes indústrias cosméticas nunca se preocuparam com questões ambientais ou de sáude. Pelo contrário, a indústria cosmética desenvolve produtos que geram outros problemas e que nos obrigam a consumir outros produtos para resolver esses problemas. Ficou confuso? Vou dar dois exemplos simples, um deles é a presença do sulfato, por exemplo, em champôs e gel de duche. Qual o problema? Ressecam a pele, e se tiver a pele constantemente ressequida e/ou com pequenas borbulhinhas que dão comichão, comece não por usar mais creme hidratante, mas por trocar por um sabonete ou gel de duche sem sulfato. Outro problema bastante comum são os problemas de oleosidade e os diversos produtos específicos para esse tipo de pele. Se quer deixar de ter pele oleosa, deixe de usá-los! Ficou confuso, novamente? Diversos dermatologistas americanos explicam que pele oleosa é pele desidratada, portanto se quer ver melhoras comece por hidratá-la bastante, inclusivamente com a utilização de óleos (como máscara noturna), ao invés de utilizar produtos que apenas vão ressecar mais a pele e fazê-la produzir mais oleosidade.
Assim sendo, não
apenas por uma questão ambiental mas, também, por uma questão de saúde, sugiro
estar mais atento aos rótulos dos produtos que utiliza e a pesquisar um pouco.
Bom, vamos então aos 5 Artigos que mais consumimos diariamente:
1. Champô/Condicionador
Para acabarmos com estas
embalagens de plástico, os champôs e condicionadores em barra são uma ótima
solução. Mas se ainda não experimentou ou se experimentou e não gostou,
digo-lhe já que precisa ressignificar. Porque digo isso? Bom, não está à espera
que os produtos sejam iguais. Não são. Mas cumprem o mesmo efeito, lavar o
cabelo. É claro que é prático abrir uma embalagem, despejar a quantidade de
produto que deseja nas mãos e lavar o cabelo. Não esteja à espera do mesmo com
um champô em barra. Terá o trabalho de passar a barra nas mãos por alguns
segundos até fazer espuma e repetir o processo se necessário for. E será. Digo
isto porque tem de estar ciente de que o nosso cérebro tem uma forte
resistência a mudanças e tudo o que ele julgue dar um pouco mais de trabalho é uma
dor. Com isso vai inventar a desculpa de que o produto não é bom o suficiente. Mas
é. É apenas uma questão de hábito, por isso digo que é importante ressignificar,
estar disposto à mudança e compreender a
sua importância. Há também que testar os produtos e perceber quais se
adaptam melhor ao tipo de cabelo e quais marcas são realmente boas. E isso
acontece com qualquer tipo de champô, seja em barra ou líquido.
Também estou neste processo de mudança
e ainda a experimentar diversos produtos. Posso dizer que já utilizei um champô
e um condicionador da marca “Lush” e fiquei bastante desiludida. Apostei na marca por ser conhecida e por acreditar
que um mau produto dificilmente pudesse ser internacionalizado. Mas, bem me
enganei. O champô não fazia qualquer espuma, ainda assim utilizei em diversas
lavagens para perceber se o cabelo ao menos ficava limpo, mas com o passar dos
dias e das lavagens comecei a ficar com seborreia no couro cabeludo. Acabei por
deitar o produto fora. O condicionador tinha uma fragrância fabulosa, mas verifiquei
três problemas, o primeiro é que o produto tem uma espécie de resina (vermelha,
como podem ver na foto abaixo) que não se desfaz, serve apenas para dar um
efeito mais bonito à barra, contribuir para o peso do produto (uma vez que é
vendido em gramas) e enrolar-se nos cabelos à medida que se utiliza a barra diretamente
nos fios. O cabelo ficava bastante bonito depois da lavagem, no meu caso que
tenho os cabelos cacheados eles realmente ficavam definidos, porém, com o
passar dos dias os fios iam ficando super desidratados e feios. Por fim e, para
completar, os produtos afinal, não eram isentos de sulfato e outros químicos, o
que me desiludiu ainda mais.
Neste momento estou a utilizar um champô da marca “Unii” e estou bastante satisfeita, é 100% natural e sem sulfato. A barra faz realmente espuma e sinto o couro cabeludo limpo. Como pratico actividade física todos os dias e preciso lavar o cabelo todos os dias, o que não é bom, ao menos estou a utilizar um produto com ingredientes naturais. Ainda não utilizei o condicionador da marca, porque quis experimentar primeiro o champô, mas com certeza irei experimentar.
2. Desodorizante
A melhor opção que encontrei no
mercado é a pedra Alúmen, um sulfato duplo de alumínio e potássio, cujas moléculas
de alumínio, devido à sua dimensão, não penetram na epiderme, ao contrário do
que ocorre com os desodorizantes comuns. A marca que utilizo é a “BIORK” e a
minha escolha deve-se à embalagem que é de cortiça e não de plástico. Para além
disso, há lojas que fazem retoma da embalagem. O produto dura aproximadamente 2
anos e custou-me cerca de €12,00. É extremamente eficaz, segurando com
eficiência o odor da transpiração. O segredo na hora de aplicar é humedecer a
pedra e passar nas axilas até que a pedra fique seca. Mais uma vez são
necessários alguns segundos a mais para aplicar. Caso aplique com pressa e não
até que a pedra/cristal seque, não terá aplicado quantidade suficiente para ser
eficaz contra o odor.
3. Gel de duche/sabonete
Esta substituição é tão básica que nem há o que falar. Já existem inúmeras marcas de sabonetes artesais naturais, sem sulfato, fabricados em Portugal, à venda online. E mesmo em grandes superfícies encontram-se algumas opções de sabonetes 100% vegetais. Estes sabonetes da Ach. Brito (foto abaixo) têm uma fragrância fabulosa e encontrei no Pingo Doce por menos de €2,00. Também existem sabonete da marca à venda em lojas online, com diferentes preços. É uma questão de pesquisar. Outra opção é o sabonete Dove para bébés, pois também não tem sulfato nem corantes artificiais e é embalado em cartão. Já o Dove normal tem sulfato e é embalado em plástico.
4. Óleo/creme corporal
Criar os nossos próprios óleos “Johnson” são uma boa opção para acabarmos com as embalagens de cremes hidratantes ou pelo menos reduzir pela metade a utilização deles. Ainda tenho pesquisado e tentado compreender melhor os benefícios e a utilização dos óleos essenciais, mas algo que já adotei é a combinação do óleo de rosa mosqueta (regenerador) e do óleo de amêndoas (antioxidante), com um pouco de água. Coloco num doseador e deixo no duche, utilizo como um óleo “Johnson” e não enxáguo o corpo, pois costumo ficar com a pele seca ao longo do dia. A quantidade dos óleos e de água vai depender do quão seca for a sua pele, para peles normais o ideal é uma quantidade menor de gotas. Não há nada como ir misturando e ir acrescentando mais água ou mais óleos essenciais, mediante a necessidade de cada pele. Outra coisa que costumo fazer é misturar gotas de óleo essencial de rosa mosqueta ao creme hidratante que aplico no rosto. A pele fica com uma tez completamente diferente. Não coloco as gotas no creme, costumo colocar a quantidade de creme necessária na mão, misturo 2 gotas de óleo essencial e só depois aplico no rosto.
5. Pensos íntimos
Algo que só descobri muito recentemente é que já existem algumas opções de pensos íntimos biodegradáveis, no mercado. A loja “Celeiro” tem à venda e os preços não diferem muito dos pensos à venda nas grandes superfícies, pelo que acho que vale a pena, para quem como eu, ainda não tem coragem de aventurar-se com os copos menstruais.
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