De acordo com a Agência
Portuguesa do Ambiente a taxa de reciclagem de resíduos tem vindo a diminuir
nos últimos anos, sendo que de acordo com o último Relatório Anual de Resíduos
Urbanos disponibilizado (2018), apenas 40% dos resíduos urbanos produzidos
foram enviados para reciclagem. Contudo, somente 12,5% desses resíduos foram
efetivamente reciclados, isto porque nem todas as empresas de recolha de
resíduos possuem infraestruturas de tratamento para além da unidade de triagem
e aterro.
Da análise efetuada, o destino
aterro direto continua a aumentar anualmente sendo que o crescimento é de cerca
de 33%, face ao ano de 2017. Para além disso o relatório refere que em 2018
foram produzidas em Portugal 5.213 mil toneladas de resíduos urbanos, 4% a mais
do que em 2017, o que poderá ser caracterizado pela melhora económica do país
que terá proporcionado, por sua vez, um maior consumo.
O PERSU 2020, Programa de
Prevenção de Resíduos Urbanos, define como meta a redução de resíduos em 10%
face a 2012, contudo a meta parece tudo menos alcançável tendo em conta de que
em 2018 reduzimos apenas 1,11%. Para lém disso, de acordo com a última
Directiva (2018/852), a meta para 2025 é
atingirmos a taxa de reciclagem de 65% e em 2030 de 70%. Mas eu diria que é
alarmante o facto de ainda não separarmos todos os resíduos nos contentores
apropriados e de ainda nao exitirem meios para que todos os resíduos possam ser
efetivamente reciclados, impedindo assim de que os mesmos possam parar aos
aterros.
É inconcebível que sejam estabelecidas
metas tão graduais, com medidas que provoquem impacto tão residual e apenas a
longo prazo, tendo em conta de que o planeta chegou ao seu estado limite. Como
tal, defendo que a meta deveria ser o desenvolvimento de políticas de
sustentabilidade que visem sobretudo a abolição do plástico na indústria, de
forma a que os mesmos sequer cheguem ao consumidor.
Enquanto a preocupação económica
se sobrepuser à preocupação ambiental e enquanto as medidas de prevenção forem
ínfimas para repercutirem verdadeiro impacto, cabe apenas a nós, cidadãos,
alterarmos os nossos hábitos e refletirmos sobre o impacto dos mesmos. Para tal, sugiro refletirmos
sobre a quantidade de produtos embalados em plástico que consumimos todos os
meses e de que forma podemos reduzi-los ou até mesmo eliminá-los do nosso dia a
dia, efetuando substituições por artigos mais sustentáveis.
No fundo, é procurarmos retornar
às nossas origens, retornarmos a um estilo de vida mais simples, menos
industrializado. Mais conectado à terra. É abdicarmos de uma embalagem de gel
de duche por um sabonete. De um creme por um óleo essencial. É darmos
preferência por produtos embalados em papel ou com menor quantidade possível de
plástico. É reutilizarmos os sacos de plástico das frutas e legumes ou
arranjarmos uns de pano. Ou fazermos uns de pano. É procurarmos por produtos
biodegradáveis, como pensos e fraldas. É optarmos por bijuterias em aço ao
invés de artigos que enferrujam e são rapidamente descartados. É comprarmos
roupas de forma consciente e optarmos pela reciclagem sempre que possível.
São pequenas mudanças ao nosso alcance,
extremamente cruciais. É importante que reflitamos sobre os nossos hábitos de
consumo e procuremos fazer escolhas mais sustentáveis sempre que possível. É
necessário que sejamos nós os agentes de mudança, ao invés de esperarmos por
uma reforma política que na verdade começa por nós.
E tu, de que forma estás a
impactar o futuro do nosso planeta?
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